Vou fazer uma arte com aqueles metais.
Acabo de ser acordado por uma pequena carreata em que seus ocupantes subiam a ladeira da Avenida Conselheiro Furtado, cantando de alegria a vitória da democracia.
Reanimado e contente em saber os números das mobilizações e até mesmo presenciar a Rede Globo, mostrar no SPTV, a multidão ocupando toda a Consolação e mostrar que na Paulista ainda havia gente chegando, é algo para lembrar na história. Pois já não era mais possível admitir que a polícia militar de Geraldo Alckmin continuasse cinicamente dizer que só se tratavam de três mil pessoas, já havia ficado evidente e vergonhoso o posicionamento do esposável pela estatística.
Recebi alta hospitalar a pouco tempo, pois minha cirurgia era simples, retirada de alguns arames que prendiam o que sobrou do meu calcâneo, no total de nove fios até próximo joelho. Pensei que o fixador externo poderia ser doado, mas o médico disse que isso não seria possível, pois aquilo era "descartável", feito para uma única vez e quase sob medida. Pedi pra levar o que foi minha bola de ferro por quase dez meses, em que me confinei em um apartamento, como um astronauta no espaço, me dedicava a atividades que pudessem ser feitas num apartamento. Nunca na minha vida passei tanto tempo conectado, nadando no mar de dados que se propagam no ciberespaço, virei um rub de informações, nessa guerra mundial dentro da rede, quase virei maquina.
Vou fazer uma arte com aqueles metais, para reutilizar a estética da dor e da cura. Vai ver que assim eu recupere um pouco mais da minha humanidade.
Reanimado e contente em saber os números das mobilizações e até mesmo presenciar a Rede Globo, mostrar no SPTV, a multidão ocupando toda a Consolação e mostrar que na Paulista ainda havia gente chegando, é algo para lembrar na história. Pois já não era mais possível admitir que a polícia militar de Geraldo Alckmin continuasse cinicamente dizer que só se tratavam de três mil pessoas, já havia ficado evidente e vergonhoso o posicionamento do esposável pela estatística.
Recebi alta hospitalar a pouco tempo, pois minha cirurgia era simples, retirada de alguns arames que prendiam o que sobrou do meu calcâneo, no total de nove fios até próximo joelho. Pensei que o fixador externo poderia ser doado, mas o médico disse que isso não seria possível, pois aquilo era "descartável", feito para uma única vez e quase sob medida. Pedi pra levar o que foi minha bola de ferro por quase dez meses, em que me confinei em um apartamento, como um astronauta no espaço, me dedicava a atividades que pudessem ser feitas num apartamento. Nunca na minha vida passei tanto tempo conectado, nadando no mar de dados que se propagam no ciberespaço, virei um rub de informações, nessa guerra mundial dentro da rede, quase virei maquina.
Vou fazer uma arte com aqueles metais, para reutilizar a estética da dor e da cura. Vai ver que assim eu recupere um pouco mais da minha humanidade.
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