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Saindo de meu estado catatônico, sinto um agradável perfume floral e adocicado se intensificar, prenunciando uma bela Afrodite. Ela vem em direção à sacada, se aproxima do parapeito olhando com graça o horizonte, em sua singela face, deslumbro um sorriso que me deixa tonto. Penso com os meus botões: “Que gatinha faceira!”. Fixo o olhar para sua direção, mas ela olha a paisagem noturna refrescando-se na brisa. Sem querer e instintivamente reparo o seu decote. Puxo o ar para minhas narinas, tentando de alguma forma analisar o seu cheiro doce, o meu nariz se dilata a cada suspiro. Minha mente fica um pouco confusa, igual a um menino olhando para uma moça sem suspeitar o que seria amor. Nesse momento meus neurônios começam a trabalhar em estado de emergência. Na sala de controle cerebral o administrador geral analisa e conclui que a situação merece cuidado. Soa o alerta na sala de controle: “Ouçam todos, se nos não encontrarmos um argumento para puxarmos conversa, nosso conjunto será taxado de bobo. Então o que estão esperando? Vamos logo observar o ambiente!” Prontamente os departamentos de visão juntamente com o de audição identificam alterações no ambiente da sala. Nesse momento o departamento de criação começa a desenvolver um argumento para um questionamento. O laboratório de analises sensoriais emite relatório sobre o odor: “... as amostras de feromônios coletados deram positivo para fertilidade”. O chefe senta-se em sua cadeira e no painel de controle aciona o mecanismo da libido e grita: “Galera, estamos em guerra!”

Nesse momento encontro a frase certa, me virando de costa para paisagem e apoiando-me no parapeito, olhando para a estonteante figura solto um pequeno questionamento: “Oi. Será que você poderia me dizer se aconteceu alguma coisa enquanto eu me distraia aqui na sacada?”

 

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